Teia

O que é a vida senão uma grande teia onde se penduram fatos, muitas vezes desconexos?

Sim, uma teia onde, muitas vezes por acaso, pessoas, acontecimentos, percepções se grudam.

Muitos gostariam de ter controle sobre o que cai nesta teia, mas é impossível. Não depende de cada um, mas de todos.

A cada dia que se passa, esta teia suporta mais fatos, alguns mais pesados, que nos marcam profundamente, abalando toda a estrutura da teia, outros mais leves, que acabam caindo, não causando danos ou modificações.

Uma teia na qual passado, presente e futuro se misturam, por meio de lembranças, testemunhos e vislumbres.

Uma teia que, de alguma forma, não pode ser destruída, a menos que a vida se esvaia.

Sim, a menos que a vida se esvaia... Assim a teia também se desvanece, não restando mais lembranças, nem testemunhos, nem sonhos.

Apenas o desconhecido, o escuro, o silêncio.

Vida

Ontem, hoje, amanhã

Hoje, ontem, amanhã

Amanhã, hoje, ontem

Amanhã, ontem, hoje

Memórias, fatos, sonhos

Fatos, memórias, sonhos

Sonhos, fatos, memórias

Sonhos, memórias, fatos

Nada, tudo

ou tudo, nada?

Conquistas e ganhos ou fracassos e perdas?

Conquistas, ganhos, fracassos e perdas.

Nada

e

Tudo.

Sujeição

Estamos sujeitos ao mundo. Sempre confiamos no outro para que, desta forma, não tenhamos medo. Quando o próximo age de maneira inesperada, percebemos a realidade que nos cerca. A tênue cortina que cobre nossos olhos é retalhada e enxergamos a realidade  em toda a sua faceta violenta e perigosa. Depois disso, passamos a tecer novamente este nosso truque que nos auxilia a viver, contudo o processo de tecitura é por demais longo e, enquanto isso, temos que viver com a ofuscante realidade, sem nossa proteção fantasiosa. Deixamos nossos olhos muito abertos com nossas pupilas ainda muito dilatadas, o que dificulta nossa rotina. O que fazer? Esperar. E continuar. Continuar até que nossa proteção esteja refeita e utiliza-la plenamente depois disso.
E assim viver...
Com medo.
Com sonhos.
Com medo.
Com medo.